segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Morar em prédios de apartamentos não é tendência em São José do Rio Preto, SP

A verticalização ou o crescimento vertical de São José do Rio Preto, SP está parado. Ninguém quer mais morar em prédios de apartamentos. Por quê? Por vários motivos: a nova estruturação familiar, o novo jeito de morar e a degradação do centro da cidade.
A nova estruturação familiar prevê um prolongamento das fases da vida das pessoas. Estamos terminando a adolescência mais tarde porque a infância está acabando mais tarde também. Como consequência o ingresso na vida adulta se dá mais tarde do mesmo modo. Veja os filhos de 30 ou mais de 30 que ainda moram com os pais... Quando Honoré de Balzac escreveu "A mulher de 30" ele estava se referindo à 'balzaquiana' (termo usado para denominar as 'coroas enxutas'). Essa classificação não vale para hoje pois uma mulher de 30 é uma menina ainda. Tal termo não serve nem para classificar a mulher de 40 anos pois esta não é uma 'coroa' ainda, senão uma 'jovem-senhora'. Chamamos de balzaquianas as mulheres de 50 ou quase 60 que chegam à maturidade bem conservadas e com a vida sexual ativa. Tudo isso acontece por um único motivo: nossa expectativa de vida aumentou e estamos morrendo mais tarde também. Consequentemente vivemos em unidades familiares de renda tripla, quádrupla ou quíntupla, onde o pai tem um carro ou dois, a mãe outro, o filho outro e as duas filhas outros dois, somando 6 o 7 carros na garagem. Que edifício de apartamentos possui 7 vagas na garagem para um único apartamento????
O novo jeito de morar inclui casas mais amplas, separadas ou desmenbradas, com entrada pela frente ou fundos, quartos separados e com vários ambiaentes (isso vale para a classe alta, média e baixa, viu? Há construções com 'luxos' diferenciados mas a configuração não se altera). Há um trabalho acadêmico (aliás vários trabalhos) organizados, escritos e sistematizados pelo professor Doutor Marcelo Tramontano da FAU-USP de São Carlos,SP que trata exaustivamente sobre aspectos mais abrangentes deste tema e são suficientes para corroborar nossa tese: hoje moramos diferente. E, no interior isso virou um modismo que tem previsão para durar mais de 10 anos.
Que modismo é esse? Morar na periferia!!!! Não estou brincado. Em nossa cidade, por causa da degradação do centro urbano a classe alta e média-alta fugiu do centro e está morando na periferia da zona-sul, leste, oeste e até zona-norte. Nossa cidade está cercada de condomínios fechados de vários padrões de luxo: do simples ao faustoso. O centro está feio e sujo. Tornou-se ponto de prostitutas e travestis à noite e se encheu de lojinhas Dollar-Day (R$1,99) de dia. Está um nojo. O calçadão atrapalha o trânsito, edifícios de fiormas tradicionais estão vazios, há mendingos dormindo sob as marquises e se não fosse pelos carrinhos de lanche ficaria totalmente vazio à noite.
Resultado: Quem tem 'juízo' mudou-se do centro. Agora lá vivem apenas os velhinhos esquecidos pela família, casais que não querem filhos, solteirões convictos, estudantes universitários e urbanóides irrecuperáveis. As empresas de construção, os arquitetos, engenheiros, pedreiros, empreiteiros, gesseiros, calheiros, marceneiros, decoradores, jardineiros, serralheiros, carpinteiros e pintores estão rachando de ganhar dinheiro aqui em Rio Preto!!!!!
E vão continuar assim até daqui uns 12 anos. Quando nossa cidade chegar no Dahma 300 ou no Gaivotas 100 ou no Bourganville 30 e for só muro, muro, muro e muro aí talvez tenhamos tempo para considerar aquilo que o teórico francês Marc Augé chamva de "os não-lugares"...

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